EXPEDITO RIBEIRO DE SOUZA

País do martírio:

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Memória dos 31 anos de seu Martírio.

Mártir da Terra Livre
RIO MARIA-PA * 02/02/1991


Expedito foi Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Rio Maria-PA, assassinado pelo pistoleiro José Serafim Sales, a mando do fazendeiro Jerônimo Alves de Amorim, julgado e condenado a 19 anos e 6 meses de prisão, no dia 06/06/2000. Rio Maria, Sul do Pará.

Clandestino, enterrei teu corpo
Na cova minúscula – e livre – do meu poema
Onde a cruz silenciou
Teu nome aceso no vermelho, latejando,
Fazendo nascer a manhã sobre as pedras.

Cada dia te celebro, puríssimo
E o teu negro-moreno da terra;
Te celebro no verão dos relâmpagos
Agarrados em cima do infinito;
Te celebro no som secreto das vertentes
Que as fecundações da madeira conduzem
Às araguais águas dos teus sorrisos.

Dedicaram-te a umidade dos tribunais
Para que outras enxadas voltassem à terra
Para que outros infernos sucumbissem na noite.
Fizeram chorar os teus filhos
Para que outros meninos entendessem
O roteiro infecundo das angustias
– e seus autógrafos.

Teu nome, a cada vez, uma pomba de sangue
Como um grito pendurado no olho dos poderes.
Teu nome um desespero, uma teimosia,
Um ofício incontinente de esperança.
Teu nome guardará os umbrais na noite da crueldade.
Será frequência de danças cuja repetição
Nos garantirá sempre a ultima luz espessa
Da tarde que deita no oeste.

Expedito, eras como um pássaro.
Sonoro como os passos do povo
Educando as estradas para os dias de rebelião.

Poema do livro Raízes: memorial dos mártires da terra –  Jelson Oliveira, Ed. Loyola, 2001

Documentário: Expedito em busca de Outros Nortes

Sinopse: Uma população – composta por trabalhadores sem terra, garimpeiros, madeireiros, pequenos comerciantes, aventureiros, compradores de terra, grileiros e pistoleiros – se deslocou para o Sudeste do Pará na década de 70 , formando um caldeirão explosivo. Gente tangida pela precisão ou pelo desejo de enriquecimento fácil foi fincando os pés, construindo os ranchos. Os tratores avançavam famintos, devorando árvores, abrindo o espaço de tráfego para as boiadas, os carros e os caminhões. Alguns chegaram a pé caçando um pedaço de chão e trabalho. Outros, de avião, laçando largas extensões de terra. Os campos eram da União e deviam assentar a multidão de pobres, porém, tornaram-se propriedades privadas de uns poucos. Instaurou-se um tempo de tiroteios, despejos e anonimato. Expedito, mineiro, trabalhador, poeta partiu com sua família em direção a floresta. O seu engajamento na luta social e política na região do Araguaia o levou a enfrentar ameaças de morte, orquestradas pelos fazendeiros e pistoleiros do sul do Pará. Esta é uma obra de poesia e luta, sobre a vida de um homem que parte em busca de outros nortes.

EXPEDITO RIBEIRO DE SOUZA, Presente na Caminhada!

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