NOTA DE REPÚDIO | Não à homenagem a torturadores!

A Irmandade dos Mártires da Caminhada, que tem como um dos seus objetivos: defender a vida no compromisso com a ética, a paz, a cidadania, os direitos humanos, manifesta veemente repúdio à aprovação do Projeto de Lei sancionado pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que rebatiza um viaduto da cidade de Paraguaçu Paulista com o nome “Deputado Erasmo Dias”.

Erasmo Dias, apoiador da Ditadura Militar – que esmagou os Direitos Humanos no Brasil entre os anos 1964 e 1985 – identificava-se com a ala dentro do Exército conhecida como linha-dura, que era contrária ao processo de abertura política prometido pelo então presidente Ernesto Geisel. Na função de Secretário da Segurança Pública de São Paulo, na década de 1970, comandou a violenta invasão da polícia militar à Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), em 22 de setembro de 1977. Nessa ocasião, milhares de estudantes estavam reunidos com o objetivo de fortalecer o Movimento Estudantil e possibilitar a retomada da democracia. Muitos estudantes,  professores e funcionários sofreram violência policial, foram presos e alguns foram levados para o DOPS, órgão da repressão onde ocorriam prisões arbitrárias, torturas e mortes.

A atribuição do nome de Erasmo Dias a um local público, em forma de homenagem, representa um desrespeito às milhares de vítimas da Ditadura Militar, como também aos familiares das vítimas, muitas até hoje desaparecidas, e a todas as cidadãs e cidadãos brasileiros que defendem o Estado Democrático. Também é uma afronta ao processo, longo e difícil, de retomada e fortalecimento da democracia no Brasil.

Os nomes dos torturadores, assassinos e defensores da Ditadura Militar não devem ser homenageados, e sim apontados e divulgados para que a história não seja omissa, para que isso não se repita e haja esperança de justiça.

Por memória, justiça e vida plena: ditadura nunca mais!

Irmandade dos Mártires da Caminhada

Julho de 2023.