MARÇAL DE SOUZA TUPÃ’Y

País do martírio:

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Memória dos 37 anos do Martírio.

Guarani, Líder Indígena
ANTÔNIO JOÃO – MS * 25/11/1983

Indígena Guarani-Nhandevá, Marçal, declara sua filha Edna, “sonhava em unir todas as nações indígenas”. “Não podemos viver amedrontados, escrevia ele aos irmãos indígenas da Argentina…: Unam-se e façam-se fortes”
Inutilmente o latifúndio tentou comprá-lo. Recebeu muitas ameaças; mas repetia, esse Pequeno Grande Homem dos povos indígenas do Sul: “Eu não vou deixar meu ideal”.
No histórico encontro com João Paulo II, naquela sacada de Manaus, profetizou intrépido, sua morte, como aliás a anunciava frequentemente entre os seus: “sei que um dia vou tombar em meio à luta no meu caminho, mas sei que minha morte vai servir de exemplo para muitos”.
Foi barbaramente assassinado no dia 25 de novembro de 1983 em sua casa, na Aldeia de Campestres, na defesa das terras dos índios Kayuá-Piraqué. 

“Eu sou representante da grande tribo guarani, quando, nos primórdios, com o descobrimento desta pátria, nós éramos uma grande nação.
E hoje, como representante desta nação, que vive à margem da chamada 
“civilização”, Santo Padre, não poderíamos nos calar pela sua visita a este país. Como representante, porque não dizer, de todas as nações indígenas que habitam este país, que está ficando tão pequeno para nós e tão grande para aqueles que nos tomaram esta pátria.
Somos uma nação subjugada pelos potentes (poderosos), uma nação espoliada, uma nação que está morrendo aos pouco sem encontrar caminho, porque aqueles que nos tomaram este chão não tem dado condições para a nossa sobrevivência.
Nossas terras são invadidas, nossas terras são tomadas, os nossos territórios são diminuídos, (e) não temos mais condições de sobrevivência. 
Queremos dizer a Vossa Santidade a nossa miséria, a nossa tristeza pela morte dos nossos líderes assassinados friamente por aqueles que tomam o nosso chão, aquilo que para nós representa a nossa própria vida e a nossa sobrevivência neste grande Brasil, chamado um país cristão.
A nossa voz é embargada por aqueles que se dizem dirigentes deste grande país.
Santo Padre, nós depositamos uma grande esperança na sua visita ao nosso país. Leve o nosso clamor, a nossa voz para outros territórios que não são nossos, mas que o povo (nos escute), uma população mais humana lute por nós, porque o nosso povo, a nossa nação indígena está desaparecendo do Brasil.
Este é o país que nos foi tomado. Dizem que o Brasil foi descoberto. O Brasil não foi descoberto, não, Santo Padre, o Brasil foi invadido e tomado dos indígenas. Esta é a verdadeira história. Nunca foi contada essa verdadeira história do nosso povo.
Eu deixo aqui o meu apelo de 200 mil indígenas que habitam e lutam pela sua sobrevivência neste país tão grande e tão pequeno para nós…”

Marçal Tupã’Y, em frente ao palácio episcopal de Manaus/AM, em julho de 1980.

Texto elaborado por Tonny, da Irmandade dos Mártires da Caminhada.

MARÇAL DE SOUZA TUPÃ’Y, Presente na Caminhada!

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