Mártir do Movimento Estudantil
SÃO PAULO – SP * 17/03/1973
Estudante, de apenas 22 anos de idade, militante cristão, com crescente consciência revolucionária, era um dos melhores alunos da Escola de Geologia da Universidade de São Paulo. Um daqueles jovens, que tão generosamente souberam responder à hora – Kairós da Nossa América.
Participava do movimento estudantil e militava no grupo clandestino Ação Libertadora Nacional (ALN).
Na manhã de 16 de março por volta das 11h, foi preso por agentes do II Exército, pertencentes ao Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI).
Levado ao DOI-CODI, Alexandre é torturado diversas vezes por varias equipes de torturadores até não resistir e morrer.
Somente dia 23 de março os órgão de segurança divulgam sua morte. Preocupados com a repercussão do assassinato sob tortura, a polícia política declara inicialmente aos jornais que se tratou de um suicídio, alegando que ele teria se matado com uma lâmina de barbear. Frente à pressão pública e à inconsistência da alegação inicial, forjaram um acidente por atropelamento. Em nota pública, o governo afirma que ele teria sido atropelado por caminhão ao tentar fugir.
Após sua morte ter se tornado pública, é revelado aos seus pais que seu corpo foi sepultado como indigente no Cemitério de Perus, na capital paulista, em cova rasa e comum. Seu corpo estava coberto com cal para que as marcas das torturas não fossem percebidas.
Sua morte teve repercussão imediata. Outros estudantes também haviam sido presos e era preciso tomar alguma atitude. Alunos da USP declara luto e pressionam o reitor Miguel Reale para que intervenha, solicitando à Secretaria de Segurança Pública do Estado, informações sobre a morte de Alexandre. Porém, foram as mesmas informações já divulgadas pelos jornais: morte causada por atropelamento.
Inutilmente a repressão oficial tentou falsear a causa da sua morte: foi morto sob a tortura mesmo, nos porões da repressão.
Na “Celebração da Esperança” – a Missa por Alexandre, o cardeal Dom Paulo Evaristo Arns fez uma histórica denúncia da violação dos Direitos Humanos no Brasil da ditadura militar.
Entidades da sociedade civil, que até então preferiam fechar os olhos, começam a se levantar contra a tortura. Reunindo milhares de pessoas, o ato após a missa transforma-se na primeira grande manifestação pública de oposição à Ditadura desde as manifestações de 1968.
Dom José Melhado Gomes, bispo de Sorocaba, diocese à qual pertencia a família de Alexandre, foi mais explicito ainda: “…declaro que Alexandre Vannucchi foi barbaramente eliminado“.
Texto elaborado por Tonny da Irmandade dos Mártires da Caminhada, a partir da Galeria dos Mártires da Prelazia de São Félix do Araguaia e pesquisa na Internet.
Respostas de 2
Mártir dos estudantes com apenas 22 anos, assassinado pela Ditadura. O mais triste é que foi enterrado como indigente no Cemitério dos Perus.
E só depois de 10 anos que a família localizou os restos mortais, fazendo o sepultamento dignamente em Sorocaba.
Dom Pedro Casaldáliga visitou a família em Sorocaba prestando sua solidariedade.
Alexandre Vannucchi presente.
Tortura nunca mais.
Hélio Piau
Soube que Dom Pedro Casaldáliga esteve em São Paulo por ocasião da missa por Alexandre Vannucchi na Catedral da Sé no dia 30 de março de 1973. Dom Pedro foi até Sorocaba fazer uma visita de solidariedade aos pais e familiares do estudante assassinado pela Ditadura.