Por Tiago de Carvalho Santos,
Coordenador Arquidiocesano da
Pastoral da Juventude de Belo Horizonte
Arquidiocese de Belo Horizonte, 11 de julho de 2019.
Preciso começar esta partilha dizendo que a minha cabeça ainda está fervilhando das provocações que o Primeiro Encontro da Irmandade dos Mártires me proporcionou. Cada partilha, cada música, cada mística, cada reza fez meu coração arder.
Eu tinha uns 11 anos quando cheguei de algum lugar e meus pais estavam tristes em casa, no Jornal estava noticiando a morte da Irmã Dorothy, ali tive o primeiro contato com o que significa a luta por um povo e as consequências disso. Lembro que logo depois disso já na PJ me vi diante de outros nomes que perderam sua vida pela luta dos direitos, e lamentamos juntos a morte do Gisley. Aprendi desde cedo a rezar por essas memórias e a preservá-las.
Fazer presença nesse encontro foi permitir olhar para o outro e a outra. Ouvir todas aquelas partilhas de profecia e coragem é puro movimento de vida, mesmo com falas duras e difíceis de serem escutadas, mas é importante para reconhecermos a nossa identidade e pra dizer pra gente mesmo e para os outros quem a gente é. Não é fácil seguir esse caminho do evangelho libertador neste mundo com valores tão individuais e contra o povo. Precisamos beber dos encontros e reencontros para nos mantermos vivos na missão da luta por um mundo melhor para todos e todas.
Goiás fez meu coração mineiro pulsar diferente, num novo ritmo, todas aquelas pessoas reunidas no mosteiro dos beneditinos trazendo suas bandeiras e experiências de lutas me encantaram. Apesar de poucos jovens, a presença da PJ no encontro foi marcante, muitas pessoas vieram desse espaço, Ficou passando na minha cabeça o tempo todo qual o papel da PJ nesse espaço, como a PJ é entendida nesse espaço e como a PJ precisa manter viva a memória do sacrifício de tantos homens e mulheres.
Sigo pensando e fazendo questão de construir também esse espaço da Irmandade dos Mártires, com o coração cheio e renovado.
Juntos e Juntas na ternura e na missão.
