O MAIOR AMOR
As mãos do Pai amparam o caminho.
E o Espírito sela a Caminhada,
com as asas abertas, Paz adentro
Jesus, com as feridas de Testemunha fiel,
rompe a marcha,
Primeiro dos nascidos
da morte vitoriosa.
E sua mão cancela a vigência das trevas.
No rosto d’Ele, o rosto cotidiano do Povo.
Junto d’Ele, colegas de combate,
João Bosco, Margarida,
Rodolfo, Gringo, Tião,
Josimo, Chico, Santo,
… Tantos! Tantas!
São Romero celebra Eucaristia
no altar do Continente,
com a estola dos Maias redivivos.
Marçal empunha o milho,
pão nosso da Ameríndia.
As ferramentas gritam
a força do trabalho organizado,
o fraterno poder das mãos unidas.
Bem por trás da cadeia, derrubada
a golpes de teimosa rebeldia,
vinga a aurora do Reino.
E as cercas da cobiça se retorcem,
cortadas pela marcha justiceira.
Ainda há torturados nas masmorras da noite.
Há desaparecidos, nos cúmplices silêncios.
Inutilmente, império, inutilmente!
Nossos caídos tombam
com a flor da esperança
nas mãos ressuscitadas.
Nossos mortos caminham,
arrastando consigo a História Nova.
Contra os berros da morte,
as palavras da vida: Terra! Libertação!
– canto coral da nossa Caminhada.
Nuvem de testemunhas nos sustenta a coragem.
Nós somos testemunhas de testemunhas, somos
herdeiros do seu Sangue.
Com eles caminhamos, libertando o futuro.
Por Ele caminhamos, Horizonte e Caminho.
Filhos da mesma Graça, nascidos de igual Monte,
memória d’Ele e deles,
celebramos a Páscoa.
em Ribeirão Cascalheira,
1986)